Pastoreando o coração da criança XIV

Da escola a pré-adolescência


Introdução
Chegou o dia de nosso primeiro filho ir à escola. Estávamos confiantes em seu sucesso. Tínhamos trabalhado na obediência por muitos anos. Ele havia aprendido a nos obedecer sem desafio, sem desculpas e sem demora. Porém para nossa infelicidade, descobrimos que nossa preparação era inadequada. Havíamos ensinado nosso filho a nos obedecer. O problema era que não estamos na escola para dar orientação. Surgiram varias situações em que ele precisou de orientação e percebemos, então, que precisávamos de objetivos de treinamento diferentes para este novo período em sua vida.

Definição
Os anos que compreendem esse período abrangem desde os cinco até os doze anos de idade. Nessa fase os filhos estão desenvolvendo uma rápida independência de escolha e personalidade. Estão passando mais tempo fora da orientação e da supervisão dos pais. Estão desenvolvendo uma crescente independência de nós, desenvolvem seus próprios pensamentos, tem suas próprias ideias e interesses.

A grande questão, ou o ponto central dessa fase é o seguinte: COMO EDIFICAR SOBRE O FUNDAMENTO POSTO? Obviamente que essa edificação deve acontecer sobre as bases do entendimento de que a criança é uma pessoa sob autoridade e que deve obedecer sem desafio, sem desculpas e sem demora, se esse fundamento não estiver pronto a jornada será muito complicada.

Desenvolvimento do Caráter
A grande questão nesses anos é o desenvolvimento do caráter. O caráter de uma criança deve desenvolver-se em várias áreas. Confiança, honestidade, amabilidade, consideração, prestatividade, diligência, lealdade, humildade, domínio próprio, pureza moral, e uma série de outras qualidades do caráter.

A Mudança de Foco a Partir da Fase Pré-escolar
Naquela fase o foco era a obediência. Você estava preocupado em desarraigar a rebelião inata do coração da criança e levá-la à submissão as autoridades, nessa fase, porém, o que deve ser focalizado é o comportamento errado, mas não rebelde. Por exemplo: O egoísmo não é contestador, mas é errado. A criança não deixa o círculo da benção por ser egoísta, mas demonstra, dentro do círculo, um comportamento ímpio e feio. Outro exemplo disso seria a zombaria. A criança pode ridicularizar seu irmão, sem necessariamente tornar-se desobediente ou desrespeitosa com você.

Uma vez cheguei em casa e vi meus filhos sentados no chão, envolvidos em um jogo, enquanto minha esposa estava procurando fazer muitas tarefas simples que as crianças poderiam ter feito. Elas estavam fazendo algo digno. Não estavam engajadas em comportamento rebelde, não haviam desobedecido a sua mãe. Entretanto, eu estava descontente com a egoísta falta de preocupação da parte deles, ao ignorarem sua mãe tão atarefada.

Um Desvio Comum
Alguns tentam resolver essa questão criando mais regras, mas isso é uma solução pobre. Logo a vida se torna sobrecarregada de mais regras do que os filhos e os pais podem se lembrar e muito menos seguir. O problema dessa abordagem é a impossibilidade de criar regras suficientemente amplas para prever toda a necessidade de orientação. Mais regras não funcionam! Além do mais ainda geram o farisaísmo!

O Problema do Farisaísmo
Jorge, um aluno da segunda série em uma escola cristã, era um exemplo de farisaísmo. Seus pais lhe haviam ensinado a obedecer. Na classe, ele cumpria as regras. Fazia seu trabalho e nunca falava ou saía do seu lugar sem permissão. Era bem comportado! O exterior do copo estava limpo, mas intimamente Jorge abrigava muitas atitudes perversas. Pensava em si mesmo como melhor do que os garotos que precisavam de correção periódica. Era intolerante quando o ofendiam. Perdoava com ares de superioridade e não tinha noção de sua própria pecaminosidade ou necessidade de Cristo. Os pais de Jorge eram pessoas gentis que amavam seu filho. Eles o haviam treinado cuidadosamente, mas haviam lidado com as questões exteriores do comportamento, sem abordarem as questões do coração. Jorge entendia o pecado apenas como coisas exteriores. Nessa fase da educação de crianças devemos abordar a questão do caráter!

Instrumento tridimensional de Diagnóstico
             



Esse Instrumento de avaliação é suficientemente simples e suficientemente amplo servindo de grande ajuda para os pais. A cada seis meses, mais ou menos, faça esse tipo de análise e diagnóstico das necessidades de seus filhos.

Em relação a Deus: A primeira dimensão da análise é da criança em relação a Deus. A questão não é de evangelismo pessoal, mas de relacionamento e conhecimento de Deus. Algumas perguntas podem ajudar, são elas: Como está o relacionamento da criança com Deus? Qual é o conteúdo desse relacionamento? A criança esta atenta as realidades espirituais? A criança fala a respeito de Deus? Como ela se expressa acerca de Deus?

Em relação a si: A outra dimensão é o relacionamento consigo mesmo. Como a criança pensa sobre si? Ela se entende? Conhece suas virtudes e fraquezas? Está presa a temores? É insegura? Tímida ou confiante? Essas são algumas perguntas que ajudam a perceber a relação que a criança tem consigo mesmo o que é fundamental para o seu bom desenvolvimento.

Em relação aos outros:
Da mesma forma como o relacionamento com Deus e consigo mesmo são importantes a relação com os outros também é. As perguntas que balizam essa análise podem ser: Quais são os relacionamentos da criança? Como ela interage com os outros? Que tipo de relacionamentos ela tem? Os relacionamentos são equilibrados? Ela está no controle ou é dominada? Ela é independente, co-dependente ou interdependente de outros?

Abordando o Coração
A tentação dessa fase será focar no comportamento visível, mas lembre-se que o comportamento é a manifestação daquilo que está no coração (Lucas 6:45). Três coisas são importantes nesse momento: A primeira é perceber o que brota do coração, a segunda é desenvolver uma boa comunicação e a terceira é apelar para a consciência. O objetivo é que a criança seja resgatada e transformada de dento para fora. Esse treinamento parte da abordagem do “o que”, do “quando” e do “por que” e do desenvolvimento do caráter que enxerga Deus como Ele é, a criança como ela é e como ela deve responder diante da imagem de quem Deus é a curto, médio e longo prazo.


Pra pensar...

·       Você pode pensar em circunstâncias em que há significativas questões de caráter, evidentes no desenvolvimento das crianças com as quais lida e que você não sabe como resolver?


·       Como você pode colocar em prática esse estudo?


·       Você tem algum sistema de avaliação do desenvolvimento das crianças? Se não o que acha do modelo tridimensional de avaliação? Estaria disposto a usá-lo? Como faria para não esquecer essa abordagem?


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