Pastoreando o coração da criança XIII

Da infância a pré-escola


O filho de Ronaldo sofreu um leve dano cerebral durante a infância, ele não sabia o quanto seu filho podia entender, mas apesar disso Ronaldo conversava com seu filho sobre os caminhos de Deus. Certo dia o menino exigiu correção e disciplina. Ronaldo estava confuso, mas tentou dar-lhe alguma explicação, no entanto, ia se tornando cada vez mais confuso, no processo da comunicação, seu filho interveio. Ele falou! Suas primeiras palavras foram: Ore, papai! Que bela ilustração da importância desses primeiros anos.

Definição

Os anos que compreendem esse período abrange desde o nascimento até os cinco anos de idade. É um período que pode ser descrito em apenas uma palavra: Mudança! Há mudanças físicas, sociais, intelectuais e espirituais. Essas rápidas mudanças, durante esses primeiros anos, dão aos pais ideias grandiosas a respeito de seus filhos. Diante dessas dramáticas mudanças a lição mais importante para a criança é aprender, nesse período da vida, que ela é uma pessoa sob autoridade (Efésios 6:1-3).

O Círculo da benção

Em Efésios 6:1-3, Deus delineou um círculo de grande bênção. Os filhos devem viver dentro do círculo da submissão aos pais e isso significa: HONRAR E OBEDECER. Dentro desse círculo as coisas vão bem e eles desfrutam de vidas longas. O círculo da submissão à autoridade dos pais é o lugar de segurança, logo, estar fora desse círculo é estar em perigo, por isso é imperativo que os filhos aprendam a honrar e obedecer os pais para o seu próprio bem.


OBEDIÊNCIA, SUBMISSÃO E HONRA

Em todo o Novo Testamento somente duas palavras falam diretamente aos filhos: Efésios 6:1-3 e Colossenses 3:20. Na passagem de Efésios, os filhos são instruídos a obedecerem seus pais e, então, Paulo se dirige para a honra aos pais. Obediência é diferente de submissão e honra. Obediência (hupakouo) significa alinhar-se debaixo de alguém por causa do dever, é usada nas escrituras para os filhos, escravos, soldados e servos sendo uma obrigação moral e um mandamento implícito. Submissão (hupotasso) significa alinhar-se por causa de devoção é usado para esposas e também é uma responsabilidade moral. Honra (timao) implica em um profundo respeito dado com amor.

Ambas as coisas, obediência, submissão e honra devem ser exercidas pelos filhos aos pais, no entanto, elas acontecerão como resultado de duas coisas: 1o Os pais tem de treinar os filhos a fazê-lo e 2o O pai tem de mostrar-se honrado em sua conduta e comportamento.

Honra

Não é fácil treinar os filhos para honrarem os pais em uma cultura que ninguém é honrado, mas eles devem ser ensinados a expressarem seus pensamentos de maneira adequada e respeitosa, pois é na forma de falar que percebemos mais claramente a expressão da honra.

Obediência e submissão

Obediência é a submissão voluntária de uma pessoa a autoridade de outra. Isso significa mais do que um filho fazer o que lhe mandam. Significa fazer o que lhe mandam sem desafio, sem desculpa e sem demora. Frequentemente a submissão significa fazer o que não desejamos fazer, ou pelo menos, o que não queremos fazer no momento.

Para que haja resultados efetivos essas atitudes dos pais devem ser constantes, ou seja, as regras precisam ser as mesmas a cada dia e será necessário que haja permissão para se apelar à autoridade dos pais, no entanto, seja qual for a resposta, o filho deve estar preparado a obedecer sem desafio, sem desculpa e sem demora.

Essa questão, submissão à autoridade, é fundamental e deve ser exercida logo nos primeiros anos de vida da criança. É possível construir esses fundamentos depois, no entanto, é mais difícil e mais caro.

A submissão aos pais significa honrar e obedecer, neste âmbito, encontram-se a benção e a vida longa, mas tão logo seu filho saia do círculo de segurança, precisa ser resgatado do perigo da obstinada independência de sua autoridade. Lembre-se: Sua autoridade representa a autoridade de Deus. O quadro abaixo explica bem esse conceito:

        


O resgate acontece através da mãe e/ou pai, armados com os métodos que Deus deu, isto é, a vara e a comunicação. Nesses primeiros anos da infância a vara é primária, lembre-se do que Deus afirma em Prov 22:15, é preciso afastar a estultícia do coração da criança, mas ela não dará o devido valor apenas para palavras. Sua atenção é assegurada quando as palavras são concluídas com umas varadas sadias.

A vara deve ser utilizada logo que a criança desobedeça, em outras palavras se ela esta pronta para desobedecer, ainda que seja um bebê, esta pronta para ser disciplinada.

A vara deve ser usada equilibrando a firmeza resoluta com a amabilidade e a mansidão lembrando-se sempre de: 1o levar a criança a um lugar reservado, 2o dizer-lhe especificamente o que ela fez de errado, 3o assegurar-se da compreensão da criança, 4o lembrar a criança da função da vara, 5o dizer-lhe quantas varadas receberá, 6o remover a roupa caso seja grossa demais, 7o abraçar a criança e dizer-lhe o quanto a ama e 8o orar com ela.


PARA REFLETIR

1.     Porque a obediência é a melhor coisa para o seu filho e quais são as promessas que Deus faz àqueles que honram e obedecem aos pais? 

2.     Porque dar espaço ao apelo é tão importante no processo de criação de filhos e que perigos devem ser evitados nesse processo?

3.     Você é um bom modelo de submissão às autoridades que Deus instituiu sobre sua vida?

Pastoreando o Coração da Criança XII

Adotando métodos bíblicos


Apelo à Consciência


Recentemente, um homem nos procurou em estado de agitação. Havia observado um rapazinho roubar algum dinheiro da cesta de ofertas após o culto. Ele sentia genuína preocupação com o rapaz. Sugeri que ele conversasse com o pai do menino, a fim de que o filho pudesse beneficiar-se da correção e da intervenção do pai.
Alguns minutos depois, o menino e o pai pediram para falar-me em meu gabinete. O menino mostrou algum dinheiro e disse que havia tirado da cesta de ofertas. Ele estava em lágrimas, expressando sua tristeza e pedindo perdão.
Comecei a conversa, dizendo-lhe: “Carlos, estou muito feliz, porque alguém viu o que você fez. Que grande misericórdia de Deus, ao providenciar que você não escapasse disso! Sabe Carlos é por isso que Jesus veio. Jesus veio porque pessoas como você, seu pai e eu temos corações que desejam roubar. Você percebe que é capaz de ser tão ousado e atrevido que rouba até as ofertas que as pessoas estão dando a Deus? Mas Deus teve tanto amor por meninos e homens que enviou seu Filho, a fim de transformar o coração de meninos e homens e torná-los pessoas que são doadoras e não ladrões.
Nessa altura da conversa, Carlos caiu em soluços e retirou do bolso mais um maço de notas que havia tirado da cesta. Ele começou essa breve conversa disposto a “fazer de contas”, mas algo mudou e a consciência de Carlos foi atingida pelo evangelho!

O apelo à consciência funciona exatamente como mostrado na história acima e juntamente com o foco na obra redentora de Deus formam a base na qual a disciplina de filhos é erguida. Sua correção e disciplina devem causar impacto na consciência de seu filho, pois Deus outorgou capacidade de raciocínio que discerne questões de certo e errado. Seus apelos mais poderosos serão aqueles que atingem a consciência, vejamos alguns exemplos disso nas escrituras:


  • Não tenha o teu coração inveja dos pecadores – (Prov. 23:17);
  • Guia retamente no caminho o teu coração – (Prov. 23:19);
  • Ouve a teu pai, que te gerou – (Prov. 23:22);
  • Compra a verdade e não a vendas, compra a sabedoria, a instrução e o entendimento – (Prov. 23:23);
  • Dá-me, filho meu, o teu coração – (Prov. 23:26)

 

O capítulo 23 de provérbios está repleto de “apelo à consciência”. Salomão não é suave na vara, mas entende suas limitações. Sabe que a vara chama a atenção da criança, mas a verdade dos caminhos de Deus deve ser plantada e cultivada na consciência.

 

Vejamos outra passagem onde Jesus faz uso desse método:


O que acham? Havia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: Filho, vá trabalhar hoje na vinha. E este respondeu: Não quero! Mas depois mudou de idéia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa. Ele respondeu: Sim, senhor! Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? O primeiro, responderam eles. Jesus lhes disse: Digo-lhes a verdade: Os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vocês no Reino de Deus. Porque João veio para lhes mostrar o caminho da justiça, e vocês não creram nele, mas os publicanos e as prostitutas creram. E, mesmo depois de verem isso, vocês não se arrependeram nem creram nele. Mateus 21:28-32

Observe como Jesus apela ao senso de certo e errado. Ele estava fazendo um apelo às suas consciências e esse apelo é feito de um modo que não é possível escapar das implicações do pecado.

Sua tarefa como pai e educador é exatamente essa: você deve pastorear as crianças e precisa fazer isso apelando às suas consciências, a consciência deve ser o alvo do apelo, com isso você ajudará as crianças a lidar com o tema de sua orientação em direção a Deus. Lembre-se você precisa ir além da correção do comportamento e abordar as questões do coração. Você faz isso ao expor o pecado e apelar à consciência, como árbitro oferecido por Deus, a respeito do que é certo e errado.

Correção com um foco centralizado na redenção


O foco central na educação de crianças é conduzi-las a uma sóbria avaliação de si mesmas como pecadoras. As crianças precisam entender a misericórdia de Deus, que ofereceu Cristo como sacrifício pelos pecados e isso acontece quando nos dirigimos ao coração delas como a fonte de comportamento.
A disciplina deve expor a incapacidade de seu filho de amar com profundidade ou de, genuinamente, dar preferência aos outros, em lugar de si mesmos. A disciplina deve levar a cruz de Cristo, onde pessoas pecadoras são perdoadas. Os pecadores que vêm a Jesus, em arrependimento e fé, são revestidos de poder para reviverem novas vidas. Vejamos uma passagem que mostra isso de forma bem clara para todos nós:

Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os homens não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais; e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado. João 16:8-11.


RESUMO

Até agora vimos que:

  1. As crianças são o produto de duas coisas. Primeira: A influência formativa, que envolve sua composição física e sua experiência de vida. Segunda: A orientação em direção a Deus, a qual determina como interagem com essa experiência. A criação, portanto, inclui: 1 – O suprimento das melhores influências formativas possíveis e 2 – O cuidadoso pastorear das reações das crianças àquelas influências. 
  1. O coração determina o comportamento. Aprenda, portanto, a trabalhar partindo do comportamento para o coração. Exponha conflitos de coração e ajudem as crianças a perceberem que foram feitos para um relacionamento com Deus.
  1. Você tem autoridade, porque Deus fez de você um agente Dele, isso significa que você está a serviço de Deus, e não a seu próprio serviço.
  1. Visto que o fim principal do homem é glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre, você precisa expor este ponto de vista diante de seus filhos. Necessita ajudá-los a aprender que apenas em Deus encontrarão a compreensão de si mesmos.
  1. Os objetivos bíblicos devem ser alcançados por métodos bíblicos. Portanto, você tem de rejeitar os métodos substitutivos que nossa cultura apresenta.
  1. Deus concedeu dois métodos para a criação dos filhos. Eles são: 1 – A comunicação e 2 – A vara. Na prática, estes métodos precisam ser entretecidos juntos. As crianças precisam ser conhecidas e compreendidas, portanto, a rica comunicação é necessária. Elas precisam também de autoridade e firmeza, consequentemente a vara é necessária. 

PRA PENSAR

1.     A quem seu filho presta contas quando peca?

2.     Como você mantém seu filho focalizado no fato de que a obediência aos pais baseia-se na ordem de Deus? As vezes você fundamenta suas exigências simplesmente em sua vontade e desejos?

3.     Você está focalizando sua correção e direção no comportamento ou nas atitudes do coração? 

4.     Qual é a diferença entre apelarmos à consciência e enfocarmos o comportamento? Que benefícios advêm de apelarmos à consciência, em vez de ao comportamento?

5.      A esperança para filhos pecadores se encontra em Cristo. Como você focaliza a esperança para seu filho, na obra de Cristo? De que formas você está colocando isso em prática?

6.     Você, as vezes, surpreende-se gritando com suas crianças de uma maneira que seria impossível parar e orar a Cristo, a fim de que Ele os ajude?