Pastoreando o Coração da Criança XI

Adotando métodos bíblicos 

DEFINIÇÃO

Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura. Meu filho, se o seu coração for sábio, o meu coração se alegrará. Sentirei grande alegria quando os seus lábios falarem com retidão. Não inveje os pecadores em seu coração; melhor será que tema sempre ao Senhor. Se agir assim, certamente haverá bom futuro para você, e a sua esperança não falhará. Ouça, meu filho, e seja sábio; guie o seu coração pelo bom caminho. Provérbios 23:13-19

Ouça o seu pai, que o gerou; não despreze sua mãe quando ela envelhecer.  Provérbios 23:22

Meu filho, dê-me o seu coração; mantenha os seus olhos em meus caminhos. Provérbios 23:26

Estas passagens unem dois métodos bíblicos para a disciplina e correção dos filhos, a comunicação (que já vimos) e a Vara que veremos a seguir.

A Vara

“Querida, você ouviu o que a mamãe disse e não obedeceu. Agora vou ter de lhe bater. Você sabe querida, não estou com raiva de você, mas você tem de aprender a obedecer”. 

Nesse exemplo não há ira, apenas firmeza na voz. E o objetivo é muito claro: “você tem de aprender a obedecer”. Não havia nada de cruel ou que parecesse abuso infantil, mesmo assim nossa cultura considera a punição corporal abusiva e esse é o cenário com o qual nos deparamos.

Continuando nessa linha de raciocínio precisamos entender que é perfeitamente normal para a sociedade considerar a punição corporal abusiva. Nesse contexto surgem várias perguntas como: O que bater nas crianças é capaz de realizar? Não há uma maneira melhor? Qual é a ideia por trás disso?

Essa linha de raciocínio, que é comum e cultural, não leva em consideração a natureza do problema da criança, ou seja, que ela não é moral e eticamente neutra, mas uma pecadora, pois o coração é “enganoso e desesperadamente corrupto” (Jer 17:9). Se permitirmos que brote, do mais doce bebezinho, aquilo que está em seu coração, veremos muito mal. A vara funciona nesse contexto, abordando as necessidades íntimas da criança. 


A função da Vara

A função da vara é dar sabedoria à criança (prov. 29:15) e também frutos de justiça e de paz (Heb. 12:11). É um exercício exclusivamente de pais, ou seja, todas as passagens que pedem o uso da vara, colocam-na no contexto protegido de um relacionamento entre pai e filho. A ordem é “discipline seu filho”. Essa disciplina deve ser exercida por pais fiéis e não por pais irados, além disso devem ser oportunas, comedidas e controladas. Portanto, podemos concluir que: “A vara é um pai com fé em Deus e com fidelidade para com seus filhos, que assume a responsabilidade do uso oportuno, comedido e controlado da punição física, a fim de enfatizar a importância de obedecer a Deus, assim resgatando seu filho de continuar em sua insensatez até a morte”.

Vejamos algumas funções dessa definição:

  1. Um ato de fé: O uso da vara é uma expressão profunda da confiança na sabedoria de Deus e na excelência de seu conselho. 
  1. Um ato de fidelidade: É o reconhecimento de que na disciplina há esperança, recusando a tornarem-se agentes voluntários na morte de seu filho.
  1. Uma responsabilidade: Punir não é uma decisão tomada pelo pai ou mãe, mas uma determinação dada por Deus.
  1. Uma punição física: Controlada, oportuna e cuidadosa, mas uma punição física que levará algumas palmadas para a criança.
  1. Uma missão de resgate: Livra a criança de sua insensatez trazendo-a de volta ao caminhos de Deus.

Distorções da Vara

  1. Não dá direito a manter um temperamento descontrolado: Deus, em nenhum lugar nas escrituras, dá aos pais o direito de ter crises de temperamento diante de seus filhos. Tal ira é profana e iníqua. A Bíblia a censura. Tiago 1:20 diz: “porque a ira do homem não produz a justiça de Deus”. 
  1. Não dá direito a bater em seus filhos quando desejar: O conceito bíblico da vara não é o direito de bater em seus filhos, quando assim desejar. Ela é usada em um contexto de correção e disciplina. Em Efésios 6, Deus avisa contra o perigo de provocar os filhos à ira. Sem Duvida quem intimida seu filho fisicamente está provocando-o à ira.
  1. Não é o extravasar de sua frustração: Nunca encontrei um pai que não tivesse tido momentos de frustração com seus filhos. Há tempos quando eles o exasperam, deixando-o magoado e irado, mas a vara não é uma forma de extravasar sua ira e frustração reprimidas.
  1. Não é retribuição: O conceito bíblico da vara não é o do pai exigir retribuição pelo erro do filho. A vara não é o pagamento devido e se usada nesse sentido não terá seu efeito benéfico. 
  1. Não está associada a ira: Outra distorção é a ideia de que a vara deve ser associada a ira. Um amigo teve de bater em seu filho, durante uma visita a seus familiares. Ele o levou a uma sala privativa, falou com ele e administrou a vara. Depois, reafirmou seu amor pelo filho e sorrindo, juntos, saíram da sala.
Objeções comuns à Vara

  1. Amo demais meus filhos para bater neles: Se realmente um pai ama seu filho irá discipliná-lo. Prov.13:24.
  1. Tenho medo de machucá-lo: A disciplina biblicamente equilibrada nunca põe seu filho em risco, nem mesmo fisicamente. Prov. 23:13-14.
  1. Tenho medo de que está prática o torne rebelde e irado: A disciplina bíblica não produz filhos irritados e irados, mas produz filhos que estão em paz com você e filhos em quem você pode se deleitar. Prov. 29:17.
  1. Isso não funciona: Esta objeção requer um exame da prática especifica dos pais, mas os anos de experiência mostram que quando a vara não funciona é pelo uso inconsistente, pela falha em persistir, pelo fracasso em ser eficaz e por administrá-la com ira.
  1. Tenho medo de ser preso por abuso infantil: É uma preocupação válida. Deve haver cuidado em se evitar exposição desnecessária e ser denunciado por alguém que não aprove o uso da vara. A disciplina deve ser aplicada privativamente, mas embora os riscos possam ser limitados, eles não podem ser eliminados, portanto, os pais devem ser prudentes.

Os frutos da vara
Os frutos da disciplina bíblica bem aplicada promoverá bons resultados de comportamento, mostrará a autoridade de Deus sobre os pais, treinará a criança a estar debaixo de autoridade, demonstrará o amor e o compromisso dos pais, produzirá uma colheita de paz e justiça, levará as crianças de volta ao lugar de bênçãos, promoverá uma atmosfera de aproximação e franqueza entre pai e filho.