Pastoreando o Coração da criança I - Chegando ao Âmago do Comportamento

 

 

Definição

A escritura ensina que o coração é o centro de controle da vida. A vida de uma pessoa reflete o que está no seu coração é por esse motivo que as escrituras dizem: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”

O significado

A figura a seguir ilustra bem o que o texto quer dizer mostrando que o coração é a fonte da qual emanam as realizações da vida. Esse assunto é também tema de outras passagens das escrituras mostrando que o comportamento de uma pessoa é a expressão do fluir do coração.

                    

Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esse males vem de dentro e tornam o homem impuro. Marcos 7:21-22

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração. Lucas 6:45

Essas passagens são instrutivas na tarefa de “criar filhos”, pois ensinam que a questão básica não é o comportamento. A questão básica é sempre o que está acontecendo no coração.

Frequentemente nos desviamos ao tratar do comportamento, a razão é bem simples. A maneira de agir da criança o irrita e, portanto, chama a sua atenção tornando-se seu foco. Você imagina que fez a correção necessária, quando mudou um comportamento inaceitável por uma conduta aprovada e digna de apreciação, mas qual é o problema? O problema é que as necessidades da criança são muito mais profundas do que seu comportamento impróprio, assim uma mudança de comportamento que na vem de uma mudança de coração é CONDENÁVEL.

O que você precisa fazer então em termos de disciplina e correção? Deve requerer um comportamento apropriado. Deus exige isso, porém, você não pode satisfazer-se em deixar a questão nesse ponto, mas precisa ajudar a criança a entender: Como seu coração errante produziu um comportamento errado? Como seu coração se desviou para produzir esse comportamento?

Um Exemplo

Um lar onde há duas ou mais crianças. Elas estão brincando e surge uma briga por um certo brinquedo. A pergunta clássica é: Quem pegou primeiro? Esta pergunta deixa de lado questões vitais. ”Quem pegou primeiro?” é uma questão de justiça. A justiça opera em favor da criança que foi mais rápida em pegar o brinquedo. Se olharmos para esta circunstância em termos do coração, as questões mudarão.

Com esse ponto de vista, você tem dois ofensores. As duas crianças revelam uma dureza de coração, uma para com a outra. Ambas estão sendo egoístas. As duas crianças estão dizendo: “Eu não me importo com você ou com sua felicidade. Estou interessado somente em mim mesmo, quero este brinquedo. Ele é a condição para minha felicidade, vou tê-lo e serei feliz, não importa o que isso signifique para você”

Em termos de coração você tem duas crianças pecando. Suas atitudes vêm do coração e direcionam seu comportamento. Isso é sempre verdade!!!

A compreensão disso faz coisas maravilhosas em favor da disciplina. Ela faz do coração o alvo da questão, e não somente o comportamento.

Um passo além

A tese fundamental do livro é: O CORAÇÃO É A FONTE DA VIDA. Portanto “criar filhos” diz respeito a pastorear o coração. Você precisa aprender a educar, voltar-se para o coração, a partir do comportamento visível, expondo as crianças as questões do coração, você deve aprender a envolvê-los e não a reprová-los. Ajude as crianças a verem que a forma como estão tentando aplacar a sede de sua alma é com coisas que não satisfazem, conduza cada uma delas até Cristo Jesus. Busque respostas nas escrituras, a fim de desmanchar o emaranhado de confusão no coração das crianças e desse processo de educá-las.

Muitas vezes, a igreja tentou integrar formas de pensamento bíblico e não-bíblico, procurando responder as perguntas sobre a “criação de filhos”. Esse enxerto produziu um fruto amargo e por essa razão precisamos entender nossa tarefa a luz das escrituras. Precisamos entender que as crianças são afetadas, entre outras coisas, por:

1. Seu relacionamento com as influências formativas da vida;

2. Seu relacionamento com Deus.

Resumo

O comportamento é impulsionado pelo coração, portanto, correção, disciplina, treinamento e toda a “criação de filhos” deve dirigir-se ao coração. Dessa forma é um dever fundamental dos responsáveis olhar além do comportamento, olhar para o coração e se perguntar:

· Qual é a razão de tal comportamento?

· O que está por trás dessa atitude?

· Como posso chegar ao coração dessa criança?

· Quais princípios das escrituras ela está desobedecendo em seu coração?

· Como posso conduzir essa criança a Cristo para que Ele revele a motivação do coração?

Lembre-se também que a hipocrisia foi uma das coisas que Jesus mais condenou em seu ministério, em Mateus 15 e 23, Ele denunciou os fariseus que o honravam com seus lábios, enquanto seus corações estavam distantes Dele, Jesus os censurou como pessoas que limpavam o exterior do copo, enquanto o interior continuava sujo.

Não faz o menor sentido você conduzir as crianças a isso se você mesmo não é conduzido ou não se deixa conduzir a isso. Lembre-se que: O comportamento é impulsionado pelo coração, portanto, cuide-se para que seu coração seja para você fonte de vida.

Pastoreando o Coração da criança II - O desenvolvimento do seu filho: Influências que moldam

Definação

As estruturas de nossos lares são como formas que moldam aquilo que nelas é colocado. As crianças estão sendo formados e moldados  pelas circunstancias da vida e todas as questões familiares têm impacto profundo sobre o tipo de pessoa que a criança se tornará.

O significado

O significado do termo “influências formativas” não é novo apesar do termo ser. Trata-se, portanto, daqueles eventos e circunstâncias, nos anos de desenvolvimento da criança, que se comprovam catalisadores para tornarem-na a pessoa que ela é. As principais passagens que lidam com esse tema são: Deuteronômio 6, Efésios 6 e Colossenses 3.

                      

Estrutura da Vida Familiar

É um tradicional núcleo familiar? A quantas gerações de pais a criança está exposta? É uma família de duas ou três gerações? Ambos, pai e mãe estão vivos? Qual é a função que exercem dentro do lar? Qual o relacionamento entre as crianças? Qual a ordem de nascimento das crianças? Como a personalidade da criança se mescla com as dos outros integrantes da família?

Valores familiares

O que é importante para os pais?  O que motiva um debate e o que passa sem ser notado? Pessoas são mais importantes que coisas? Os pais ficam mais preocupados por causa de um furo nas calças do uniforme escolar ou por causa de uma briga na escola? Que filosofias e idéias a criança ouviu? Quais são as regras faladas e não faladas? Onde Deus se encaixa na vida familiar? A família é organizada em torno de se conhecer e amar a Deus ou a família está em uma órbita diferente?

Papéis familiares

Dentro da estrutura familiar há papéis que cada membro da família desempenha. Alguns pais estão envolvidos em cada aspecto da vida familiar. Outros pais estão ocupados e distantes das atividades da família. Coisas sutis, tais como quem paga a conta ou quem agenda os compromissos da família, dizem muito sobre os papéis familiares. E o importante é saber que os filhos também têm papéis dentro da família

Resolução de Conflito Familiar

A família sabe conversar sobre os problemas? Elas resolvem os problemas ou simplesmente os afastam? Os problemas são resolvidos com base nas escrituras ou no autoritarismo? Os membros da família usam sinais não verbais? Sammy ficava com raiva e corria para fora da sala do jardim de infância, quando não gostava do que estava acontecendo. O professor chamou seus pais para uma reunião. O pai de Sammy ficou frustrado com a reunião e saiu rapidamente da sala. O professor ganhou uma melhor compreensão do motivo pelo qual Sammy se comportava daquele modo.

Como a família reage ao fracasso

É muito comum que as crianças passem por adaptações em sua coordenação motora durante a infância o que a leva a obter alguns “fracassos” em atividades para as quais sua coordenação ainda não está bem desenvolvida, nesses casos essas crianças são levadas a se sentirem tolas? Zomba-se delas por causa de seu fracassos? A família diverte-se a custa dos membros da família? Há piadas de mal gosto sobre as “inabilidades” de alguém da família?

História Familiar

Outro fator muito importante para se considerar é a história da família. Alguns membros estão nascendo enquanto outros estão morrendo. Há casamentos e divórcios. Instabilidade e estabilidade, dinheiro ou falta de dinheiro, enfim todo histórico da vida familiar é uma influência formativa na vida das crianças e contribuem naquilo que elas serão um dia.

Erros de compreensão das influencias formativas

Há dois erros que ocorrem em relação as influências formativas da vida. O primeiro deles é ver tais influências de modo determinista. É o erro de presumir-se que a criança é vítima indefesa das circunstâncias em que cresceu. O Segundo erro é a negação, ou seja, dizer que a criança não é afetada por sua experiência de infância. Passagens como Provérbios 29:21 ilustram a importância da experiência de infância. Tanto a negação quanto o determinismo são incorretos. É necessário entender biblicamente estas influências formativas.

Os oleiros só podem criar o tipo de vaso que o barro com o qual está trabalhando lhe permite criar. O barro não é meramente passivo em suas mãos. O barro reage ao seu toque. Um tipo de barro é elástico e flexível outro é quebradiço e duro de trabalhar.

A reação das crianças demonstram se a vida delas está direcionada a Deus ou não, pois aquilo que está no coração determina o comportamento.

Um passo além

E com você? Quais são as heranças que lhe influenciam? A forma como você reage no dia-a-dia se parece com alguma atitude de seus responsáveis no passado? Você percebe que sofre influência deles mesmo que não queira? Como você reage diante dessa realidade? Tende a ser determinista ou nega esse fato?

Ao olharmos para nossas vidas podemos perceber que nós, que um dia já fomos crianças, fomos influenciados pelas estruturas da vida familiar, assim os valores familiares, os papéis familiares, a resolução de conflitos na família, a reação ao fracasso e o histórico familiar contribuíram significativamente para você ser quem é hoje, mas lembre-se que é possível que muitas dessas coisas não estejam de acordo com as escrituras, por isso peça para que Deus sonde seu coração e revele quais das influencias familiares, não bíblicas, permanecem de pé em sua vida e as substitua em nome de Jesus.

Perguntas Para Reflexão

1. Quais têm sido algumas influencias formativas mais marcantes na vida de seus filhos?

2. Qual é a estrutura de sua família? Como isso afeta as crianças?

3. O que seus filhos identificariam como valores da família? Quais são as coisas que mais importam para você?

4. Onde estão os segredos do seu lar?

5. Quem é o chefe em seu lar? Existe uma autoridade centralizada, ou sua família toma decisões em reunião?

6. Quais são padrões para a resolução de conflitos? Como estes padrões têm afetado cada um de seus filhos? É necessário alguma mudança? Que mudança?

7. O que constitui fracasso ou sucesso em seu lar?

8. Que eventos tem sido fundamentais na história de sua família? Como esses eventos o tem afetado?  Como tem afetado seus filhos?

9. Você tende a ser determinista no modo como vê a criação de filhos? Consegue ver as crianças reagindo? Como?

Pastoreando o Coração da Criança III - O desenvolvimento de seu filho: Orientação em Direção a Deus

 

Definição

Precisamos entender que a tese mais importante desse capítulo é que a direção para quem a criança está voltada determinará sua reação àquelas influências formativas. Vejamos dois textos para nos ajudar nessa compreensão:

“Quem corrige o zombador 
traz sobre si o insulto; 
quem repreende o ímpio 
mancha o próprio nome. Não repreenda o zombador, 
caso contrário ele o odiará; 
repreenda o sábio, e ele o amará. Instrua o homem sábio, 
e ele será ainda mais sábio; 
ensine o homem justo, 
e ele aumentará o seu saber. “O temor do Senhor 
é o princípio da sabedoria, 
e o conhecimento do Santo 
é entendimento. Prov 9:7-10.

O temor do Senhor = Sabedoria = Ação

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” Prov 4:23.

O significado

O quadro a seguir representa a criança como um ser de aliança, um ser religioso. Essa expressão é para lembrar-nos de que todos os seres humanos têm uma orientação em direção a Deus. Todos são essencialmente religiosos. As crianças são adoradoras, ou adoram a Javé ou os ídolos. ELAS NÃO SÃO NEUTRAS!!! As crianças filtram as experiências da vida através de uma peneira religiosa que lhe serve de referencial.

                           

Dois Caminhos a Escolher

O segmento esquerdo superior do quadro mostra uma pessoa que é um adorador do único Deus verdadeiro. A seta apontada em direção a Deus indica a orientação do seu coração: essa pessoa quer conhecer e servir a Deus, cada vez mais. A seta apontada a partir de Deus indica que Ele inicia e sustenta ativamente a atuação deste seu filho. A divisão esquerda inferior mostra uma pessoa envolvida em idolatria. Ela curva-se diante de coisas que não são Deus e não podem satisfazer.

Para ser preciso, uma criança pode não estar consciente de seu compromisso religioso, mas ela nunca é neutra.

Duas passagens nos ajudam nessa compreensão:

Os ímpios erram o caminho desde o ventre; 
desviam-se os mentirosos desde que nascem. Salmos 58:3

Sei que sou pecador desde que nasci, 
sim, desde que me concebeu minha mãe. Salmos 51:5

Estes versículos são muito instrutivos. Mesmo uma criança no ventre, ou uma recém nascida, é obstinada e pecadora, por isso uma das justificativas para utilizar a vara nas crianças é que “a insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela” (Provérbios 22:15).

O ponto central deste provérbio é que alguma coisa está errada no coração da criança e requer correção.

O coração não é Neutro

Uma vez que não há neutralidade no coração da criança, ou elas adoram a Deus ou os ídolos. Estes ídolos não são pequenas estátuas, mas os sutis ídolos do coração, alguns exemplos desses ídolos são: desejos maus, cobiça, orgulho, egoísmo, etc.

Enquanto as crianças interagem com sua experiência de infância, o fazem a partir de uma orientação em direção a Deus, seja de fé que o reconhece e o aceita ou de incredulidade que o nega e o rejeita.

A quem a Criança Adorará?

É importante ser claro nesta questão. Criar filhos não é apenas prover bons estímulos. Criar filhos não é apenas criar uma atmosfera construtiva no lar e uma interação positiva entre o filho e seus pais. Há uma outra dimensão. A criança está interagindo com o Deus vivo. Está adorando, servindo e crescendo em entendimento das implicações de quem é Deus, ou está buscando sentido na vida sem um relacionamento com Deus.

Se está vivendo como um tolo e diz em seu coração: “não há Deus”, tal pessoa não deixa de ser uma adoradora, ela simplesmente adora o que não é Deus. Parte da tarefa dos pais é pastoreá-la como uma criatura que adora, mostrando-lhe o Único que é digno de adoração. A questão não é: “ela vai adorar?”, mas sempre: “A quem ela vai adorar?”.

A importância da orientação em direção a Deus

As influencias formativas não constituem a história completa da formação da criança. Se o homem fosse apenas a soma total das influências que o moldam (determinismo) muito seriam bem diferentes do que são hoje.

Em meio as influências formativas difíceis, podemos nos entregar a Deus, que nos transforma em pessoas que reagem a partir de um relacionamento vivo com Ele e não a partir das influências.

Resumo

Existem dois critérios que orientam a formação do tipo de pessoa que seus filhos se tornarão: 1^o As influências formativas da vida e 2^o Sua orientação em direção a Deus. Portanto, a criação de seus filhos deve se dirigir a ambas as questões. Preocupe-se em como estruturar as influencias formativas da vida, mas pastoreie ativamente o coração de seus filhos, dando-lhes orientação em direção a Deus.